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5/23/2011

Biblioteca Particular de Fernando Pessoa disponível gratuitamente online

Os livros da Biblioteca Particular de Fernando Pessoa estão disponíveis gratuitamente online desde ontem o dia 15-5-2011 no site da Casa Fernando Pessoa.
Até agora, só uma visita à Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, permitia consultar este acervo que é "riquíssimo", mas com o site, bilingue português e inglês, e disponível em :
com uma ligação à Internet é possível consultar, página a página, os cerca de 1140 volumes da biblioteca, mais as anotações - incluindo poemas - que Fernando Pessoa foi fazendo nas páginas dos livros.

Obs.: Neste site tem também acesso a um BANCO DE POESIA de dezenas de poetas portugueses.
 
Devo esta informação ao amigo Paulo Capelo.
Obrigada

1/12/2011

Pedras no caminho

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,

Mas não esqueço de que minha vida
É a maior empresa do mundo…
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
Apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
Se tornar um autor da própria história…
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
Um oásis no recôndito da sua alma…
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um “Não”!!!
É ter segurança para receber uma crítica,
Mesmo que injusta…
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo…



Fernando Pessoa

10/19/2006

Saudades da Minha Praia

Tenho saudades de chegar....
Olhar o mar e sentir que fazia parte de ti,
Do teu cheiro, do teu mar...
sorrir...
Voar com as tuas gaivotas
O meu sonho de liberdade.
Perto de ti o céu era o meu limite...
E eu...sempre quis ir para além dele...
Vã expectativa,
Mero sargaço que o mar, diligentemente,
Deixa a secar na praia.
O teu mar apagava as pegadas pesadas da minha caminhada e libertava-me...
O teu mar do qual conheço todas as tonalidades.
Agora moro longe e mortifica-me o medo de as esquecer...
Esquecer-me de mim...
Quero voltar a devolver ao mar as tuas estrelas.
Mas...
Ao pé de ti...
Eu não percebia o valor de poder chegar ao meu porto seguro...
Perdoa-me minha praia...
Hoje...
Sempre...
Eu tenho saudades tuas.

9/19/2006

"O Mostrengo" de Fernando Pessoa


O mostrengo que está no fundo do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar, E disse:
"Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?"
E o homem do leme disse, tremendo:
"El-Rei D. João Segundo!"
"De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?"
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
"Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?"
E o homem do leme tremeu, e disse:
"El-Rei D. João Segundo!"
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
"Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um Povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!"

8/22/2006

"EU HOJE JOGUEI TANTA COISA FORA...." (Carlos Drummond Andrade)

"Não importa onde você parou... em que momento da vida
você cansou... o que importa
é que sempre é possível
e necessário "recomeçar".
Recomeçar é dar
uma nova chance a si mesmo... é renovar as esperanças
na vida e o mais importante...acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período? foi aprendizado...Chorou muito? foi limpeza da alma... Ficou com raiva das pessoas? foi para perdoá-las um dia...
Sentiu-se só por diversas vezes? é por que fechaste
a porta até para os anjos... Acreditou
que tudo estava perdido? era o indício da tua melhora...
Pois ...agora é hora de reiniciar... de pensar na luz...de encontrar prazer
nas coisas simples de novo. Que tal um novo emprego? Uma nova profissão?Um corte de cabelo
arrojado... diferente? Um novo curso...
ou aquele velho desejo
de aprender a pintar... desenhar...
dominar o computador...
qualquer outra coisa...
Olha quanto desafio...
quanta coisa nova
nesse mundo de meu Deus
te esperando.Está se sentindo sozinho? besteira... tem tanta gente
que você afastou
com o seu período de isolamento tem tanta gente esperando
apenas um sorriso teu para "chegar" perto de você.
Quando nos trancamos
na tristeza...nem nós mesmos nos suportamos... ficamos horríveis...o mal humor
vai comendo nosso fígado...
até a boca fica amarga.
Recomeçar...
hoje é um bom dia
para começar novos desafios. Onde você quer chegar?
ir alto... sonhe alto...
queira o melhor do melhor... queira coisas boas para a vida... pensando assim trazemos
prá nós aquilo que desejamos... se pensamos pequeno...
coisas pequenas teremos... se desejarmos fortemente
o melhor e principalmente
lutarmos pelo melhor...o melhor vai se instalar
na nossa vida.
É hoje o dia da faxina mental... joga fora tudo
que te prende ao passado... ao mundinho de coisas tristes... fotos...
peças de roupa...
papel de bala... ingressos de cinema...
bilhetes de viagens... e toda aquela tranqueira
que guardamos
quando nos julgamos apaixonados...
jogue tudo fora... mas principalmente...
esvazie seu coração... fique pronto para a vida...
para um novo amor...
Lembre-se somos apaixonáveis... somos sempre capazes
de amar muitas
e muitas vezes... afinal de contas...
Nós somos o "Amor"...

"O NAVIO NEGREIRO" Um poema de Castro Alves

Era um sonho dantesco...
O tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar do açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças... mas nuas, espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs.
E ri-se a orquestra, irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Se o velho arqueja... se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece...
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra
E após, fitando o céu que se desdobra
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da roda fantástica a serpente
Faz doudas espirais!
Qual num sonho dantesco as sombras voam...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus...
Ó mar! por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noite! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...
Quem são estes desgraçados,
Que não encontram em vós,
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são?... Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa musa,
Musa libérrima, audaz!
São os filhos do deserto
Onde a terra esposa a luz.
Onde voa em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados,
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão...
Homens simples, fortes, bravos...
Hoje míseros escravos
Sem ar, sem luz, sem razão...
São mulheres desgraçadas
Como Agar o foi também,
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel.
Como Agar sofrendo tanto
Que nem o leite do pranto
Têm que dar para Ismael...
Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram — crianças lindas,
Viveram — moças gentis...
Passa um dia a caravana
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus......
Adeus! ó choça do monte!......
Adeus! palmeiras da fonte!......
Adeus! amores... adeus!...
Depois o areal extenso...
Depois o oceano de pó...
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer...
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormindo à toa
Sob as tendas d'amplidão...
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cum'lo de maldade
Nem são livres p'ra... morrer...
Prende-os a mesma corrente— Férrea, lúgubre serpente —
Nas rôscas da escravidão.
E assim roubados à morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoite... Irrisão!...
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noite! tempestades!Rolai das imensidades!Varrei os mares, tufão!... "

Este é um excerto do poema. Para ler todo o poema, por favor, clique aqui.

5/11/2006

Dia 12 de Maio Dia Mundial da Fibromialgia


Fico assustada,
Incrédula até,
Bebendo da vida,
Raio de Luz.
Ontem era dor e hoje também…
Mar de cansaço, que vai e que vem…
Incapaz de sorrir…
Amar quase dói…
Livre não sou.
Gosto da vida, mesmo assim.
Infinita é a Esperança dentro de mim.
Amanhã…serei capaz de sorrir.

2/26/2006

Poema para Galileo


Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.
Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…
Eu sei… eu sei…
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!
Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.
Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar- que disparate, Galileo!
- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação-
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.
Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.
Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se tivesse tornado num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.
Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas- parece-me que estou a vê-las -,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e descrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai Galileo!
Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto incessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos.

Este poema foi escrito pelo poeta português António Gedeão